GURPILHARES,
Marlene da Silva Sardinha. Gramática. In:______. As bases filosóficas da gramática normativa: uma abordagem
histórica, p. 43-51.
NASCIMENTO, M. E. Graduando em Letras
Português/Espanhol pela Universidade de Pernambuco – UPE
A
obra As bases filosóficas da Gramática Normativa:
uma abordagem histórica, escrita por Marlene da Silva Sardinha Gurpilhares
nos traz um apanhado histórico sobre a Gramatica Normativa, elucidando a influência
significativa da filosofia. A autora nos demonstra como a gramática evoluiu e
os contextos filosóficos que ajudaram no desenvolvimento da gramática que
conhecemos hoje. A obra é sucinta, porém recheada de grandes fatos históricos
acerca do assunto estudado, o que possibilita o estudante ou interessado na
obra compreender com simples detalhes, os contextos filosóficos e históricos do
assunto em pauta.
De
imediato a autora nos traz uma fonte histórica, frisando a origem do estudo das
linguagens e da gramática como fazendo parte de um dos ramos da filosofia da
época. Cintando a Grécia como berço desse acontecimento e finalizando assim seu
apanhado. Ela relembra que nos contextos atuais a Gramática Normativa é conhecida
como Gramática Tradicional.
A
partir desta colocação, a autora nos conduz para uma viagem, onde nos propõe que
a história da Gramática Normativa é estudada em três períodos distintos e
principais. Tais períodos se iniciam com os filósofos pré-socráticos e os
primeiros retóricos, continuando ainda com Sócrates, Platão e Aristóteles. O
Segundo período que é composto pelos Estoicos e o último pelos alexandrinos.
A
obra continua fazendo uma distinção entre esses três períodos, demonstrando
quem de fato influenciou na Gramática Normativa. Surge a discursão, logo no
primeiro grupo citado, a ideia de naturalistas e convencionalistas, onde o
primeiro acreditava que a relação do significado da palavra e sua forma
acontecia de maneira natural. Enquanto os segundos defendiam que o significado
da palavra e sua forma era puro convencionalismo. A discursão se prolongou
segundo a autora, até evoluir para o fato de língua ser ou não regular, o que
os levaram ao surgimento de outros dois termos: Regular ou analogia e irregular
ou anomalia. Surgindo por diante a disputa entre analogistas e anomalistas.
Entretanto
a autora não se prolonga nesses aspectos, mas busca sempre comprovar a
surgimento da gramática e a influência da filosofia sobre ela. Em seguida a
escritora inicia a dialogo do surgimento dos substantivos e verbos e os atribui
a Platão a distinção clara entre ambos. Logo após insere o filósofo Aristóteles
como o responsável pela criação das categorias de pensamentos que contribuíram para
o surgimento das classes de palavras como conhecemos atualmente.
Segundo
a autora, apenas na escola estoica é que a língua foi tratada de maneira
independente, pois até então, não tinha um espaço próprio dentro do estudo da língua.
Mas era vista como uma parte ou ramo da filosofia e, portanto, os filósofos não
ousavam aborda-la de maneira intima e direta, até os estoicos. A partir daí a língua
passou a ser estudada como a expressão das experiências humanas onde o ser
humano era uma folha em branco e ao nascer era preenchida por experiências, e a
linguagem era parte dessa experiência.
A
linguagem começou a ser estudada de maneira mais aprofundada e a gramática
passou a tomar um espaço mais amplo e direto dentro dos estudos dos filósofos.
Começaram a tratar das classes de palavras e paradigmas flexionais
separadamente. Segundo a autora para os estoicos a língua era a expressão do
pensamento e dos sentimentos, portanto o estudo se restringia a estes aspectos.
A
obra continua num apanhado histórico e filosófico, sempre relacionando a origem
da linguagem e da gramática atrelado aos estudos da filosofia. Esse apanhado se
finaliza quando a autora coloca em ênfase o estudo dos alexandrinos,
descrevendo que apenas estes tiveram uma preocupação mais literal com a
gramática. Não apenas filosófica. A obra discorre acerca dos motivos que
levaram os alexandrinos irem por essa perspectiva de estudo.
Após
finalizar seu esboço acerca dos fatores históricos e filosóficos da gramática,
a autora começa a fazer uma distinção entre a gramática grega e a atual, nos
permitindo não apenas fazer uma distinção, mas também uma comparação. Desta
forma, fica mais fácil compreendermos os aspectos linguísticos, gramáticos e filosóficos
da gramatica grega em detrimento a gramatica atual ou tradicional como é
conhecida.
A
obra dedica-se a partir daí, explicar de maneira breve cada tópico da
gramática, desde seu critério estrutural ao seu critério sintático, sempre
comparando com versão de filósofos anteriores e atuais, nos demonstrando também
que em alguns aspectos a gramática evoluiu, mas em outros apenas incorporou
versões antes estudadas. Ou seja, a base filosófica da gramática não foi de
fato modificada, talvez melhorada ou aprimorada. Mas em algumas partes
permanecem os mesmos critérios criados pelos filósofos.
Para
nos auxiliar a autora faz um breve resumo de tudo o que obteve em sua pesquisa
e nos traz uma análise comparativa entre uma obra gramatical do século V com
outra obra do século XIX. Comprovando que de fato, existem semelhanças quanto a
diversos conceitos e aprimoramentos quanto a outros.
Concluindo,
a obra nos tem muito a acrescentar em nossos estudos, pois se propõe a um apanhado
histórico e sucinto e cumpre com todos os requisitos que se propõe. De maneira
simples e prática, a autora discorre desde a origem da gramática com seu berço
de origem na Grécia, até os contextos atuais, nos permitindo analisarmos
diferenças e semelhanças no processo de leitura. De fato, um excelente trabalho
que pode e deve ser lido por quem deseja descobrir mais acerca do surgimento da
Gramática Normativa e sua origem filosófica.
Comentários
Postar um comentário